segunda-feira, junho 09, 2008

2 anos depois

Dois anos depois tudo mudou mas parece que tudo está na mesma.

Não me apetece falar de mim em especial, mas apeteceu-me teclar furiosamente a minha incredibilidade pela sociedade que me rodeia.

Estamos perante uma crise social tremenda, dificuldades por todos os lados, familias da classe média a a fazer contas aos trinta dias do mês, jovens a adiar um futuro porque o presente é bem "curto" e de repente tudo se esfuma...

De repente toda a nação é envolvida numa euforia colectiva, a que eu prefiro de chamar de insanidade incapacitante temporária, onde nada mais existe que um grupo de jovens rapazes vestidos de t-shirts e calções a correr atrás de uma bola para a colocar dentro de uma rede suportada por barras.

Não compreendo como de repente o preço do combustível deixou de ter impacto nas nossas vidas, pois para sairem para a rua de carro para festejar um jogo, já se pode gastar combustível.

Não compreendo como a falta de peixe nos nossos mercados e mesas não foi considerado um sinal grave da nossa economia deficitária, para se dar relevo a este grupo de rapazes.

Não compreendo como tantas selecções olímpicas e para-olímpicas, que tão bem e honradamente representam a nação, nem sequer são entrevistados e este grupo de rapazes é recebido pelo Presidente deste país de contradições.

Não compreendo como tantas necessidades passam as familias portuguesas mas existe tempo no horário nobre para apresentar a ementa e os gostos culinários destes rapazes, não esquecendo que levam um chef e comida de Portugal.

Não compreendo como se confunda patriotismo com a compra e exposição de bandeiras.

Não compreendo como se unem milhares para ver um jogo mas não se reunam sequer dezenas para mudar seja o que for.

Seremos assim tão miseráveis que a única coisa que nos une é um bando de rapazes a correr atrás de uma bola?

Falta-nos certamente qualquer coisa, porque eu sempre pensei que ser patriota e respeitar o meu país podia reflectir-se em:
- Valorizar o produto nacional "O que é nacional é bom";
- Estimular a cultura portuguesa: Musica portuguesa e em português nas rádios e televisões num valor acima dos 50% do total praticado;
- Trabalhar e lutar para que, ficando no nosso país, pudessemos criar valor acrescentado;
- Promover a lingua portuguesa e não as legendas "portuguesas";
- Definir estratégias para que a produção agricola/industrial não deixasse de ser feita em Portugal;
- Não ficar contente quando nos dão subsidios para abate de barcos, enterro de colheitas ou desperdicio de leite e depois verificar que temos que importar produtos;
- Apoiar "todos" os desportistas que representam Portugal e não só futebolistas.

Enfim, devo mesmo ser eu que estou errada.