A vida como ela é
Mais um fim de semana passado a correr entre as visitas à familia que morre de saudades destes dois meninos que sairam de casa faz quase dois meses, e ninguém ainda se habituou à ideia.
Não tenho falado dos meus avós pois não tenho nada de a acrescentar, a não ser que cada dia é menos um dia, que vejo a minha mãe esgotar-se na tentativa de manter a minha avó entre nós, com qualidade de vida e o mais tempo possível.
Cada dia que passa a luta é mais desigual até mesmo porque os meu velhotes estão casmurros da velhice e por vezes não colaboram, e o tempo vai passando e a doença vai minando.
Lá em casa não se fala do assunto, não existe esse tema, fala-se apenas das consequencias e dos efeitos secundários, como a falta de apetite e o cansaço. Ou nos dias bons, na boa disposição, no apetite ou na pouca vaidade que ainda leva a minha avó a por baton ou rouge nas bochechas antes de sair à rua.
Fico com o coração em migalhas quando vou almoçar com a minha avó e oiço-a dizer-me "Nunca pensei que iria sentir tanto a tua falta, ainda chamo por ti para vires ajudar-me"
A vida é assim, para poder seguir o meu rumo tive de fazer escolhas, cedências e aguentar o barco, seja como for ainda me doi o coração quando penso nisso...
Todos os dias fingimos não ver a magreza disforme que se apodera daquela que sempre foi o pilar da nossa família, daquela que nos mantém unidos. Só ela tem essa capacidade porque nós sozinhos iremos cada um para seu lado sem olhar para trás.
Não quero que pensem que estou triste apenas relato a vida como ela é, pelo menos a minha.
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